Compartilhe esta página pelo Compartilhar no Twitter Compartilhar no Facebook

Índice de verbetes


Pierre-Paul Didier



Pierre-Paul Didier (1800, Paris, França - 2 de dezembro de 1865, Paris, França) foi um editor, diretor da Livraria Didier, confrade espírita e amigo de Allan Kardec, membro da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Foi a sua conceituada Editora e Livraria Acadêmica Didier — a mesma que produziu tantos honoráveis trabalhos para a Academia de Ciências Francesa — também aquela que mais prestou serviços gráficos para a confecção das obras básicas da codificação do Espiritismo.



Didier, o livreiro-editor

Didier nasceu na cidade luz em 1800 (dia e mês ignorados), filho de um simples operário, tornando-se também ele mais um empregado do comércio parisiense. Aos dezoitos anos, arranja-se como balconista de uma livraria e logo mais se torna seu representante comercial, viajando pelos arredores de Paris. Em 1825 é certificado livreiro — exigência formal do Governo Francês para se atuar nesta profissão (ocasionalmente bem fiscalizada, com vista em manter a ordem pública e censurar qualquer oposição aos governantes). Daí vai trabalhar em sociedade com o colega livreiro Jean-Armand Pichon na Livraria Béchet, que dois anos a mais mudaria a razão social para Pichon et Didier, terminando sendo liquidada por Dider em 1832.

Antes disso, em 1827, Didier fundaria a Livraria Académica (Librairie Académique & Cie.), sediada na Quai des Grands-Augustins, número 35, no centro de Paris, que mais tarde se tornaria a editora referência para a elite da literatura científica parisiense, dentre os quais, conceituados professores da Sorbonne Abel-François Villemain, Victor Cousin, François Guizot e Charles de Rémusat, tendo sido Didier o primeiro a apostar na genialidade do jovem Camille Flammarion — aquele que seria reputado o grande astrônomo de seu tempo.


Divaldo Franco e Francisco Thiesen visitam o local da antiga sede da Livraria Didier - Reformador


Sua editora publicou obras científicas memoráveis, tais como Bibliothéque d’éducation morale (Biblioteca de educaçãoo moral), Trésor numismatique (Tesouro numismático) e a Revue archeologique (Revista Arqueolótica); também foi a sede do Journal des savants (Jornal dos sábios).

O sexto tomo do Grand Dictionnaire Universel du XIXe Siècle (Grande Dicionário Universal do Século XIX) de Pierre Larousse, de 1870, faz no verbete Didier uma descrição do status de seu estabelecimento:

“(...) É na Livraria Didier que se encontram as melhores obras da literatura contemporânea, que chamaremos, como ele, de especialmente acadêmica, sem dar a este qualificativo uma ideia presunçosa...”
Grand Dictionnaire Universel du XIXe Siècle, Pierre Larousse - 6e tome, 1870.


Espírita e editor da codificação kardequiana

Depois de descrever a Livraria Acadêmica Didier como “(...) um lugar calmo e de descanso, de onde o luxo estava impiedosamente banido (...), um lugar de primeira ordem, gozando da consideração universal e tendo conquistado lealmente suas cartas de nobreza...”, o historiador francês Ernest Maindron (1838-1907) assim conta da conversão do grande editor ao Espiritismo:

“Foi nesse meio honesto e refletido, onde só a alta literatura tinha livre acesso e que nada havia preparado para semelhante missão, que DENIZARD RIVAIL, mais conhecido sob o pseudônimo de Allan Kardec, encontrou o meio de mandar editar suas obras sobre o Espiritismo.
“Por muito tempo Didier as havia repudiado, mas, conquistado pouco a pouco para as ideias sedutoras das quais Allan Kardec se havia feito o propugnador infatigável e resoluto, decidiu, apesar da enérgica oposição de seus amigos, mandar imprimir o Livro dos espíritos e o Livro dos médiuns. Tendo penetrado em seu espírito a convicção mais inabalável, ele levou então para a difusão da doutrina espírita o zelo que aplicava a todas as coisas.”
Revue Ilustrée - jun. de 1894: ‘Deux collaborateurs de Bernard Palissy : Victorien Sardou et Alfred Didier’

De fato, depois de publicar a 1ª edição de O Livro dos Espíritos pela Editora Dentu, de Édouard Dentu (1830 - 1884) Allan Kardec vai se servir da editora de Didier para o relançamento daquela obra, em 1860, e das edições seguintes, bem como das demais obras da codificação kardequiana, até sua desencarnação. Dessa relação profissional brotou uma amizade das mais puras.


Livros espíritas anunciados pela Livraria Acadêmica Didier no Le Constitutionnel


Tendo formado sua convicção em torno da Doutrina Espírita — não sabemos se mais pela justeza da doutrina ou pela persuasão do amigo Kardec — temos então que Didier vai se tornar dela um grande defensor e propagador, tornando-se, inclusive, membro e um dos fundadores da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Sobre o editor, o codificador espírita vai dizer:

“Sr. Didier não era o negociante de livros, a calcular seu lucro centavo por centavo, mas o editor inteligente, justo apreciador, consciencioso e prudente, tal qual era preciso para fundar uma casa séria como a sua. […]”
Revista espírita - jan. 1866: ‘Necrológio – Morte do Sr. Didier, livreiro-editor’.

O desprendimento material de Didier em favor da disseminação da doutrina que abraçara pôde ser registrado também por ocasião de uma solicitação que outrora Allan Kardec recebera de um brasileiro, Francisco Antonio Pereira da Rocha, interessado em publicar obras espíritas (O Livro dos Espíritos e Instruções Práticas) traduzidas para a língua corrente no Brasil; o codificador responde que, tendo o editor parte legal no caso, seria preciso consultar-lhe, pois as traduções publicadas por terceiros bem poderiam atrapalhar as vendas da edição original francesa, confeccionadas pela editora Didier; feita a consulta com o livreiro, Kardec então escreve a resposta colhida do amigo editor:

“Ele me respondeu que, em caso similar, era de praxe estipular-se uma quantia prévia a título de indenização. mas, ante minhas observações, me deixou à vontade para agir como eu entendesse.”
Reformador - nov. de 1983: ‘Ainda P.-P. Didier’

E completou sinalizando positivamente pela solicitação (a qual, pelo que nos consta, não foi levada a efeito) apenas requerendo que cópias da publicação lhe fossem enviadas.

O respeito e a confiança que Kardec lhe depositava ficam bastante evidentes quando considerarmos que, justamente por influência do editor e amigo, o título de um dos livros básicos do Espiritismo foi alterado no seu relançamento:

“Eu não havia dado a ninguém conhecimento do assunto do livro em que estava trabalhando. Conservei em segredo o seu título de tal modo que o editor, Sr. Didier, só o conheceu quando foi para a impressão. A princípio, esse título foi Imitação do Evangelho. Mais tarde, por efeito de reiteradas observações do mesmo Sr. Didier e de algumas outras pessoas, mudei-o para O Evangelho segundo o Espiritismo.”
Obras Póstumas, Allan Kardec - 2ª parte: ‘Extratos, in extenso, do livro das previsões concernentes ao Espiritismo’


Exéquias de Didier

Noticiando os seus leitores da Revista Espírita o falecimento do editor, a Allan Kardec vai exprimir o apreço que tinha por Didier, colocado então como “um dos mais sinceros e dedicados adeptos do Espiritismo”:

“O Espiritismo acaba de perder um de seus adeptos mais sinceros e dedicados, na pessoa do Sr. Didier, morto sábado, 2 de dezembro de 1865. Era membro da Sociedade Espírita de Paris desde a sua fundação em 1858 e, como se sabe, editor de nossas obras sobre a doutrina. Na véspera assistia à sessão da Sociedade, e no dia seguinte, às seis horas da tarde, morria subitamente numa estação de ônibus, a alguns passos de seu domicílio, onde, felizmente se achava um de seus amigos, que o mandou transportar para casa. Suas exéquias realizaram-se terça-feira, 5 de dezembro.”
Revista Espírita - jan. de 1866: ‘Necrólogo: Morte do Sr. Didier, livreiro-editor’

Na ocasião, Kardec vai defender a convicção espírita do recém-desencarnado, rebatendo um comentário feito pelo periódico Petit Journal, dando nota da morte de Didier, e sugerindo que ele, “por ter editado as obras do Sr. Allan Kardec, havia se tornado adepto do Espiritismo por polidez de editor”; em resposta, vai dizer o redator da Revista Espírita: “Não pensamos que a mais requintada polidez obrigue um editor a esposar as opiniões de seus clientes, nem que deva tornar-se judeu, por exemplo, porque editasse as obras de um rabino. Tais restrições não são dignas de um escritor sério.” E complementa:

“As opiniões espíritas do Sr. Didier eram conhecidas e ele jamais fez mistério, pois muitas vezes as discutia com os incrédulos. Sua convicção era profunda e de longa data, e não, como o supõe o autor do artigo, uma questão de circunstância ou uma polidez de editor. Mas é tão difícil a esses senhores, para quem a Doutrina Espírita está inteirinha no armário dos irmãos Davenport, concordar que um homem de notório valor intelectual creia nos Espíritos! Todavia, é preciso que se acostumem a essa ideia, pois há muitas outras que eles não imaginam e das quais não tardarão a ter a prova...”
Idem

Kardec também vai lamentar a nota de falecimento publicada no Grand Journal, contendo o sarcástico enunciado: “Nestes últimos tempos o Sr. Didier era adepto — e o que mais vale ainda — um fervoroso editor de livros espíritas. O pobre homem deve saber agora o que pensar das doutrinas do Sr. Allan Kardec.”:

“É triste ver que nem mesmo a morte é respeitada pelos senhores incrédulos, que perseguem com os seus deboches os mais honrados adeptos, inclusive no além-túmulo. O que, em vida, pensava o Sr. Didier da doutrina? Um fato lhe provava a impotência dos ataques de que ela é objeto: é que, no momento de sua morte, ele imprimia a 14ª edição de O Livro dos Espíritos.”
Idem

A convicção espírita de Didier também foi testemunhada por seu amigo Camille Flammarion, nas exéquias do fundador da Doutrina Espírita:

“Aceitando com respeito o convite simpático dos amigos do pensador laborioso cujo corpo terreno jaz agora aos nossos pés, vem-me à mente um dia sombrio do mês de dezembro de 1865, em que pronunciei palavras de supremo adeus junto à tumba do fundador da Livraria Acadêmica, do honrado Didier, que, como editor, foi colaborador convicto de Allan Kardec, na publicação das obras fundamentais de uma doutrina que lhe era cara. Também ele morreu subitamente, como se o céu houvesse querido poupar a esses dois Espíritos íntegros o embaraço fisiológico de sair desta vida por via diferente da comumente seguida.”
Flammarion, Obras Póstumas, Allan Kardec – “Discurso pronunciado junto ao túmulo de Allan Kardec”

Conforme esta fala, ficamos sabendo então que Flammarion foi um dos que discursaram durante o funeral de Didier. A transcrição de seu pronunciamento foi publicada pelo jornal L’Avenir, edição de 18 de janeiro de 1866, da qual extraímos o trecho que segue:

“Tenho notado que, muito frequentemente, a morte se assemelha a uma lente de ótica, que aumenta as qualidades e dissimula os defeitos da pessoa falecida. não quero dizer que o Sr. Didier tenha sido um homem ilustre, um sábio ou um filósofo. Não, era um negociante, de instrução modesta, mas cuja apreciação era tão inteligente, cuja aptidão para compreender tão certa, cuja imaginação tão clarividente e cuja alma tão honesta, que se elevara a si mesmo, e elevara sua obra a um escalão digno dos mais cultos Espíritos.”
Flammarion Reformador - dez. de 2015: ‘Palavras pronunciadas sobre a tumba de P.-P. Didier’

Era dado como certo que também o mestre espírita deixasse a sua palavra durante as exéquias, o que não aconteceu — para surpresa da grande massa que veio prestar homenagem ao renomado livreiro. Por outro lado, na sessão seguinte da Sociedade Espírita, Kardec fez um solene discurso em honra à memória do amigo editor, discurso esse que seria transcrito na Revista Espírita do mês seguinte à morte de Didier, aproveitando aí para explicar, com toda a prudência e humildade que lhe era peculiar, o porquê de não o ter feito publicamente, na cerimônia do sepultamento:

“Algumas pessoas ficaram surpresas porque não tomei da palavra em seu enterro. Os motivos de minha abstenção são muito simples. Antes de mais, direi que a família, não me tendo manifestado desejo, eu não sabia se isto lhe seria ou não agradável. O Espiritismo, que aos outros censura impor-se, não deve incorrer na mesma condenação; jamais se impõe; espera que venham a ele. Além disso, eu previa que a assistência seria numerosa e que, no número, se encontrariam muitas pessoas pouco simpáticas, ou mesmo hostis, às nossas crenças. Naquele momento solene, além de ter sido pouco conveniente vir chocar publicamente convicções contrárias, isto poderia fornecer aos nossos adversários um pretexto para novas agressões. Neste tempo de controvérsia, talvez tivesse sido uma ocasião de dar a conhecer a doutrina; mas não teria sido esquecer o piedoso motivo que nos reunia? Faltar com o devido respeito à memória daquele que acabávamos de saudar em sua partida? Era sobre um túmulo aberto que convinha contra-atacar? Havereis de convir, senhores, que o momento teria sido mal escolhido. O Espiritismo ganhará sempre mais com a estrita observação das conveniências do que perderá em deixar escapar uma ocasião de se mostrar. Ele sabe que não precisa de violência; visa ao coração: seus meios de sedução são a doçura, a consolação e a esperança; é por isto que encontra cúmplices até nas fileiras inimigas. Sua moderação e seu espírito conciliador nos põem em relevo por contraste; não percamos essa preciosa vantagem. Busquemos os corações aflitos, as almas atormentadas pela dúvida: seu número é grande; lá estarão os nossos mais úteis auxiliares; com eles faremos mais prosélitos do que com anúncios publicitários e encenações.”
“(...) Crede bem, senhores, que eu tenho no coração, tanto quanto qualquer outro, os interesses da doutrina e que, quando faço ou não faço uma coisa, é com madura reflexão e depois de ter pesado as consequências...”
Revista Espírita - jan. de 1866: ‘Necrólogo: Morte do Sr. Didier, livreiro-editor’

Neste mesmo discurso particular, Kardec ratifica os elogios ao amigo recém transpassado para o plano espiritual, com quem se podia “fazer negócios com os olhos fechados”, congratulando-se por tê-lo encontrado em seu caminho, acreditando firmemente que isto sido uma providência dos bons Espíritos. E então finaliza seu discurso com um convite:

“Neste momento em que estamos reunidos, paguemos-lhe entre nós o tributo do nosso pesar, da estima e da simpatia que ele merece e esperemos que ele se digne voltar entre nós, como no passado, e continuar, como Espírito, a tarefa espírita que havia empreendido como homem.”
Idem


Os filhos de Didier

Pierre-Paul Didier teve dois filhos, ambos inclinados à arte da pintura: Jules, o mais velho, alcançou grande êxito, tendo obtido um prêmio em paisagem de Roma, Itália, sendo caracterizado pela excessiva modéstia; o outro, Alfred, nada acanhado, tornou-se um personagem de certa importância no movimento espírita, inclusive acompanhando seu pai na filiação à Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, onde, descobrindo-se médium, foi o recebedor de várias mensagens do Espírito Lamennais, algumas das quais Allan Kardec vai publicar em suas obras da codificação do Espiritismo, por exemplo, a comunicação “Deve-se expor a vida por um malfeitor?”, presente em O Evangelho segundo o Espiritismo.


Alfred Didier, filho do livreiro Didier


A morte do pai, no entanto, criou um embaraço entre Alfred Didier e Kardec: o filho mostrou-se contrário à evocação do Espírito do seu pai naquela Sociedade Espírita, na mesma semana do funeral, sob a alegação que “os espíritas se equivocam em se entregar a evocações, que não dão resultado, não fornecem prova de identidade e, como dizia seu querido pai, servem de vara aos nossos adversários para flagelar a doutrina espírita.” Por sua vez, Kardec respondeu que não se poderia impedir um Espírito se comunicar livremente, fosse naquela Sociedade ou fosse em qualquer grupo mediúnico familiar. Ao final, o filho de Didier abandou o círculo espírita e foi se dedicar à pintura.


Mensagem mediúnica

Com efeito, não se tem conhecimento de nenhuma aparição do recém-desencarnado Didier, que seja na Sociedade Espírita, quer seja em qualquer sessão particular. Mas numa comunicação datada de 4 de julho de 1868, através do médium Desliens, o antigo livreiro veio dirigir-se ao amigo Kardec para lhe aconselhar sobre os procedimentos de um projeto que estava em curso: a edição revisada do livro A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo. Esta mensagem, intitulada “Meus trabalhos pessoais – Conselhos diversos”, foi inserida em Obras Póstumas de Allan Kardec, publicada em 1890 pela Sociedade Anônima, porém sem denominar o Espírito comunicante. Posteriormente, na Revista Espírita de março de 1887, a identidade espiritual foi revelada, para a defesa de ,[Pierre-Gaëtan Leymarie">Pierre-Gaëtan Leymarie (então diretor da Sociedade Anônima) frente à acusação de que o mestre espírita não tinha qualquer intenção de editar A Gênese e que sua publicação “revisada, corrigida e aumentada” (5ª edição, 1872) seria uma fraude do próprio Leymarie. Portanto, a comunicação de Didier, dentre outras evidências, viria provar que a acusação era equivocada, que Kardec realmente estava trabalhando na reformulação deste seu livro, como se deu em 1869 — dois anos antes da reimpressão feita por Leymarie.

Ver a página especial de pesquisa: O caso A Gênese.

Esta é a comunicação de Didier, dirigida à Allan Kardec:

“Vossos trabalhos pessoais estão indo bem; continuai com a reimpressão de vossa última obra; fazei vosso sumário para o fim do ano, é uma utilidade, e deixai o restante por nossa conta.
“A impulsão produzida pela Gênese é só o começo, e muitos elementos abalados por sua aparição se colocarão em breve sob sua bandeira; outras obras sérias ainda virão para acabar de esclarecer o pensamento humano sobre a nova doutrina.
“Aplaudi igualmente a publicação das cartas de Lavater: é uma coisa mínima destinada a produzir grandes efeitos. Em suma, o ano será frutífero para todos os amigos do progresso racional e liberal.
“Estou também inteiramente de acordo que publiqueis o resumo que vós propondes a fazer na forma de catecismo ou manual, mas também acho que deves esmiuçá-lo com cuidado. Quando estiverdes a publicá-lo, não vos esqueçais de me consultar sobre o título, terei talvez uma boa sugestão a dar e cujos termos dependerão dos acontecimentos ocorridos.
“Quando vos aconselhamos recentemente que não esperásseis demais para ocupar-vos da revisão da Gênese, dizíamo-vos que haveria de fazer acréscimos em diferentes partes, preencher algumas lacunas e noutras partes condensar o assunto a fim de não dar mais extensão ao volume.
“Nossas observações não foram em vão, e ficaremos felizes em colaborar na remodelação dessa obra, bem como em ter contribuído para sua execução.
“Eu vos exortarei hoje a que reveja com cuidado sobretudo os primeiros capítulos, nos quais todas as ideias são excelentes, que não contém nada que não seja verdadeiro, mas certas expressões ali poderiam prestar-se a uma interpretação errônea. Com exceção dessas retificações, que vos aconselho não negligenciar, porque as pessoas voltam-se contra as palavras quando não podem atacar as ideias, não tenho nada mais para vos indicar sobre esse tema. Aconselho, por exemplo, que não percais tempo; é preferível que os volumes esperem pelo público do que estejam em falta. Nada deprecia mais uma obra do que a interrupção de sua venda. O editor, impaciente por não poder satisfazer os pedidos que lhe são feitos e que perde a oportunidade de vender, desanima com as obras de um autor imprevidente; o público cansa-se de esperar, e a impressão produzida custa a apagar-se. Por outro lado, não é mau que vós tenhais certa liberdade de espírito para tratar das eventualidades que possam surgir em torno de vós, e dirigir vossos cuidados aos estudos particulares que, conforme os eventos, podem ser suscitados de momento ou relegados aos tempos mais propícios.
“Estai, pois, pronto para tudo; ficai livre de todo entrave, seja por vos entregardes a uma tarefa especial, se a tranquilidade geral o permite, seja por estar preparado a todo acontecimento se complicações imprevisíveis venham necessitar de vossa parte uma súbita determinação.
“O próximo ano chegará em breve; é necessário, portanto, que no final deste, deis a última demão na primeira parte da obra espírita, a fim de ter o campo livre para terminar a tarefa que concerne ao futuro.”
Obras Póstumas, Allan Kardec - 2ª parte. ‘Meus trabalhos pessoais. Conselhos diversos’

Como já sabido, esta edição revisada foi concretizada e, para tanto, certamente que os conselhos do amigo editor, mais uma vez, foram de grande valia para o pioneiro espírita.

Pierre-Paul Didier é, portanto, um personagem memorável para a História do Espiritismo.


Referências

  • Revista Espírita - coleção 1866, Allan Kardec - Ebook.
  • Obras Póstumas, Allan Kardec - Ebook.
  • Artigo "Editor e livreiro da Codificação 150 anos de desencarnação: Didier (1865-2015)" em Sou leitor Espírita (acesso em 29/10/2021).
  • Artigo "P.-P. Didier - Editor de Allan Kardec", de Iaponan albuquerque da Silva em Reformador, set. de 1983 - acervo online (acesso em 29/10/2021).
  • Artigo "Ainda P.-P. Didier", Reformador, nov. de 1983 - acervo online (acesso em 29/10/2021).
  • Artigo "Deux collaborateurs de Bernard Palissy : Victorien Sardou et Alfred Didier" de Ernest Maindron na Revue Illustrée, jun. de 1894 - Gallica (acesso em 29/10/2021).
  • "Palavras pronunciadas sobre a tumba de P.-P. Didier" Reformador, dez. de 2015 - Acervo online (acesso em 29/10/2021).
  • O caso A Gênese, página especial de pesquisa - Luz Espírita (acesso em 29/10/2021).
  • Dados biográficos de Alfred Didier, CSI do Espiritismo - fanpage (acesso em 29/10/2021).
  • Discidência de Alfred Didier da SPEE, CSI do Espiritismo - fanpage (acesso em 29/10/2021).
  • Comunicação espiritual de Didier publicada por Leymarie em Revue Spirite - Journal d'études psychologiques., março de 1887 - ebook (acesso em 29/10/2021).


Tem alguma sugestão para correção ou melhoria deste verbete? Favor encaminhar para Atendimento.


Índice de verbetes
A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo
Abreu, Canuto
Adolphe Laurent de Faget
Agênere
Alexandre Aksakof
Allan Kardec
Alma
Alma gêmea
Amélie Gabrielle Boudet
Anália Franco
Anastasio García López
Andrew Jackson Davis
Anna Blackwell
Arigó, Zé
Arthur Conan Doyle
Auto de Fé de Barcelona
Auto-obsessão.
Banner of Light
Baudin, Irmãs
Bem
Berthe Fropo
Blackwell, Anna
Boudet, Amélie Gabrielle
Cairbar Schutel
Canuto Abreu
Caridade
Carma
Caroline Baudin
Célina Japhet
Cepa Espírita
Charlatanismo
Charlatão
Chevreuil, Léon
Chico Xavier
Cirne, Leopoldo
Codificador Espírita
Comunicabilidade Espiritual
Conan Doyle, Arthur
Consolador
Crookes, William
Daniel Dunglas Home
Davis, Andrew Jackson
Denis, Léon
Dentu, Editora
Dentu, Édouard
Desencarnado
Deus
Didier, Pierre-Paul
Divaldo Pereira Franco
Dogma
Dogmatismo
Doutrina Espírita
Doyle, Arthur Conan
Dufaux, Ermance
Ectoplasma
Ectoplasmia
Ecumenismo
Editora Dentu
Édouard Dentu
Elementos Gerais do Universo
Emancipação da Alma
Epífise
Ermance Dufaux
Errante
Erraticidade
Errático
Escala Espírita
Escrita Direta
Espiritismo
Espiritismo à Francesa: a derrocada do movimento espírita francês pós-Kardec
Espírito da Verdade
Espírito de Verdade
Espírito Errante
Espírito Santo
Espírito Verdade
Espiritual
Espiritualismo
Espiritualismo Moderno
Evangelho
Expiação
Faget, Laurent de
Fascinação
Fluido
Fora da Caridade não há salvação
Fox, Irmãs
Francisco Cândido Xavier
Franco, Anália
Franco, Divaldo Pereira
Fropo, Berthe
Galeria d'Orléans
Gama, Zilda
Glândula Pineal
Henri Sausse
Herculano Pires, José
Herege
Heresia
Hippolyte-Léon Denizard Rivail
Home, Daniel Dunglas
Humberto de Campos
Imortalidade da Alma
Inquisição
Irmão X
Irmãs Baudin
Irmãs Fox
Jackson Davis, Andrew
Japhet, Célina
Jean Meyer
Jean-Baptiste Roustaing
Joanna de Ângelis
Johann Heinrich Pestalozzi
José Arigó
José Herculano Pires
José Pedro de Freitas (Zé Arigó)
Julie Baudin
Kardec, Allan
Kardecismo
Kardecista
Karma
Lachâtre, Maurice
Lamennais
Laurent de Faget
Léon Chevreuil
Léon Denis
Leopoldo Cirne
Leymarie, Pierre-Gaëtan
Linda Gazzera
Livraria Dentu
London Dialectical Society
Madame Kardec
Mal
Maurice Lachâtre
Mediatriz
Médium
Mediunidade
Mesas Girantes
Metempsicose
Meyer, Jean
Misticismo
Místico
Moderno Espiritualismo
Necromancia
O Livro dos Espíritos
O Livro dos Médiuns
Obras Básicas do Espiritismo
Obsediado
Obsessão
Obsessor
Onipresença
Oração
Palais-Royal
Panteísmo
Paráclito
Parasitismo psíquico
Pélagie Baudin
Percepção extrassensorial
Pereira, Yvonne A.
Perispírito
Pestalozzi
Pierre-Gaëtan Leymarie
Pierre-Paul Didier
Pineal
Pires, José Herculano
Pneumatografia
Possessão
Prece
Pressentimento
Projeto Allan Kardec
Quiromancia
Religião
Revelação Espírita
Rivail, Hypolite-Léon Denizard
Roustaing, Jean-Baptiste
Santíssima Trindade
Santo Ofício
Sausse, Henri
Schutel, Cairbar
Sentido Espiritual
Sexto Sentido
Silvino Canuto Abreu
Sociedade Dialética de Londres
Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas
SPEE
Subjugação
Superstição
Terceira Revelação
Tribunal do Santo Ofício
Trindade Universal
Ubiquidade
UEF
União Espírita Francesa
Vampirismo
Verdade, Espírito
Videira Espírita
William Crookes
X, Irmão
Xavier, Chico
Xenoglossia
Yvonne do Amaral Pereira
Zé Arigó
Zilda Gama

© 2014 - Todos os Direitos Reservados à Fraternidade Luz Espírita

▲ Topo