Palais-Royal (Palácio Real) é um importante complexo comercial e cultural de Paris, França, lembrado pelo movimento espírita por ter sido o local onde foi lançada a primeira edição de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, que, simbolicamente, representa o marco inaugural do Espiritismo. Este lançamento foi feito exatamente na loja número 13 da famosa Galeria d’Orleans, nas dependências da Livraria E. Dentu, que editou aquela histórica obra doutrinária.
Palais-Royal em 1829, com a Galeria d’Orleans em primeiro plano
Construído no século XVII a mando do cardeal Richelieu, para servir de sua residência, o palácio era conhecido como o Palais-Cardinal (Palácio do Cardeal). Após a morte do cardeal, o suntuoso edifício foi entregue à Coroa Francesa, passando a ser usado como uma das residências do Rei Luís XIII, quando finalmente passou a ser chamado de “Palácio Real”: Palais-Royal. Posteriormente, foi ocupado pelo Duque d'Orléans. No século XVIII os jardins do palácio foram abertos ao público e tornado um patrimônio público.
A partir da grande reforma no século XIX, foram construídas as famosas galerias: passagens com arcadas cobertas e envoltas de lojas, cafés, escritórios comerciais e departamentos públicos. Dentre as demais, destacou-se a Galeria d'Orléans, em cujo número 13 encontrava-se a sede da Editora e Livraria Dentu, que, sob a responsabilidade de Édouard Dentu, publicou em 18 de abril de 1857 a primeira edição de O Livro dos Espíritos, a obra fundamental da codificação espírita e que simboliza o lançamento oficial do Espiritismo.
Galeria d'Orléans no Palais-Royal totalmente remodelado em 1840. A Livraria E. Dentu localizava-se na loja 13, no final da fileira à direita
Na mesma Galeria d’Orleans, instalada no número 31, ficava a sede da Editora e Livraria Ledoyen, de quem Kardec também se serviu para a produção e distribuição das suas composições literárias.
Este mesmo complexo sediou as primeiras reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada em 1 de abril de 1858; para as quais, inicialmente foi alugada uma sala na Galeria de Valois e depois, para melhores acomodações de uma assembleia cada vez maior, um salão na Galeria Montpensier, na lateral oeste dos jardins do conjunto do Palais-Royal; em 1860 a Sociedade foi relocada para a Rua Saint-Anne, n° 59, ao lado do domicílio do casal Kardec.
Imagem recente do Palais-Royal com os pórticos da Galeria d’Orleans sem as lojas de antes
Em 1871, após a fatídica Guerra Franco-Prussiana, o palácio foi atacado e destruído, sendo restaurado a partir de dois anos seguintes. Hoje o Palais-Royal abriga a sede de alguns órgãos governamentais da França, como o do Conselho de Estado. As antigas lojas no entorno das galerias foram retiradas, restando a passagem coberta e suas colunas.
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