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Capítulos:



Cap. 5 - Na câmara de miniaturização


Do dia em que trouxemos Ícaro à Colônia até aquela visita à casa de Hélio, passaram-se aproximadamente dois meses.

Ícaro continuava em profundo sono, e como fora dito por Miguel, ele continuava a receber instruções e a tomar conhecimentos para sua nova estadia no plano físico. Aos poucos, Ícaro adquiria uma nova forma física e perispiritual. Seus traços foram ficando cada vez mais jovens, era o chamado processo de miniaturização que André Luiz noticiou em seus livros.

Tive a oportunidade de lhe falar várias vezes em seus sonhos — porque era assim que nos comunicávamos. E eu, instruído por nossos amigos, ia estreitando os laços com Ícaro, ganhando sua confiança e o seu perdão.

Em uma dessas conversas, falamos dos planos para o futuro, e Ícaro, agora se mostrando mais receptivo, declarou o medo que sentia, porque ainda alimentava o desejo de vingança; além disso, muito embora não sabendo explicar, sentia-se desejoso de justiça — leia-se, vingança. Declarava que Deus era ingrato, por não punir a seu contento, tanto o Hélio quanto a mim.

Falei-lhe do progresso que ele já estava tendo e que ele não deixasse aquele sentimento derrubar tudo que havia conquistado até o momento.

— Não pretendo ser hipócrita! Não sinto por você ou por Hélio a menor simpatia — disse-me ele, mas não mostrava raiva em suas palavras, somente um desabafo sincero.

— Entendo quão difícil é o perdão, meu irmão, mas também tenho fé em nosso Pai criador, que o tempo de nos perdoarmos está próximo.

— Você sabe: o que vocês estão fazendo é contra a minha vontade, não é?

— Mas é necessário. Nem sempre a nossa vontade está de acordo com as nossas necessidades de evolução.

— E o tal de livre-arbítrio, onde fica? — perguntou-me Ícaro.

— Nossa capacidade de escolhermos isso ou aquilo está em função do conhecimento que temos do todo. Seria impossível mensurar a utilidade de algo que desconhecemos! Você seria capaz de me dizer qual a utilidade do som para quem não ouve, ou a utilidade da luz para quem a ignora?

— Você sempre com respostas recheadas de analogias e comparações que pretensiosamente esperam concluir o assunto, quando na verdade, vocês não são nada objetivos. Mas chega desse assunto! Enquanto vocês estudam e decidem por mim, eu analiso o melhor jeito de sair daqui.

Naquele instante percebi que Ícaro não tinha conhecimento de que dormia, ele tinha a real impressão de estar preso, em um lugar que, apesar de belo e confortável, ele não desejava nele estar.

Resolvi então deixá-lo para não excitar seu estresse.

— Devo ir, meu irmão. Logo voltarei para conversarmos mais.
Assim eu saí. Exclamei minha despedida, no que Ícaro me disse:

— Falei que não sentia a menor simpatia por Hélio e por você, mas não pense que sinto raiva. Talvez se você tivesse vivido o que eu vivi neste longo tempo, entenderia o que se passa comigo, e aí saberia que para o cego a luz tem alguma importância, diferente do que aqueles que enxergam supõem, pois estes sim ignoram a importância da luz, assim como os culpados ignoram o peso da injustiça para as vítimas.

Calei-me. Novamente me despedi, mas desta vez profundamente tocado por aquelas palavras, proferidas por Ícaro, que minha opinião estava espiritualmente doente, e para minha surpresa apresentava manifestações de inteligência e racionalidade.
*
Os dias se passavam e cada vez mais Ícaro persistia em seus intentos de sair do hospital onde recebia ajuda. Ele, claro, tinha conhecimento de que logo voltaria à vida física na terra, mas lutava de forma angustiante contra isso.

A cada nova visita que lhe fazia, eu podia perceber que sua forma perispiritual ia tomando lentamente as dimensões de uma criança.

Acompanhei todo o processo de mutação que se deu com Ícaro e, sempre que possível, mantinha longos diálogos com ele, sempre com a sublime missão de mostrar-lhe que esta sua nova existência seria para ele uma oportunidade de se livrar de suas mágoas e de todo e qualquer sentimento inferior que ainda pudesse guardar em relação a mim e a Hélio.


Capítulos:


Introdução

PRIMEIRA PARTE (Médium Wilton Oliver) Capítulo 1 - Visitas à casa do irmão Hélio

Cap. 2 - Encontro doce

Cap. 3 - O papel dos mentores

Cap. 4 - O resgate de Ícaro

Cap. 5 - Na câmara de miniaturização

Cap. 6 - Preparação para o porvir

Cap. 7 - A gestação

Cap. 8 - Oportunidade para recomeço

Cap. 9 - Confissões

Cap. 10 - Equipe socorrista

Cap. 11 - Depoimento de Hanzi

Cap. 12 - Nos campos da Colônia

Cap. 13 - Reminiscências

Cap. 14 - Influências nefastas

Cap. 15 - Exposição esclarecedora

SEGUNDA PARTE (Médium Rodrigo Felix da Cruz) - Cap. 1 - Notícia feliz

Cap. 2 - O retorno de Marisa

Cap. 3 - Estudos na Colônia

Cap. 4 - Estágio no Hospital Irmã Margarida

Cap. 5 - Reencontro com Ícaro

Cap. 6 - As dimensões do Além

Cap. 7 - Laboratório da Memória

Cap. 8 - Na equipe socorrista

Cap. 9 - Primeiras atividades socorristas

Cap. 10 - Visita a François Dupont

Cap. 11 - Importante projeto

Cap. 12 - Grupo de planejamento

Cap. 13 - Implantação do projeto

Cap. 14 - Trabalho em conjunto

Cap. 15 - Comprometimento, esperança e perdão

TERCEIRA PARTE (médiuns Alessandra Aparecida Silva e Rodrigo Felix da Cruz) Cap. 1 - Balanço

Cap. 2 - Novos trabalhos

Cap. 3 - Reunião na casa de Ricardo Felício

Cap. 4 - Laerte

Cap. 5 - Irmã Margarida

Cap. 6 - Irmã Maria Madalena

Cap; 7 - Irmã Lia

Cap; 8 - Inácio

Cap. 9 - Thales

Cap. 10 - Augusto

Cap. 11 - José de Matusalém

Cap. 12 - Estevão, guerreiro

Cap. 13 - Clara

Cap. 14 - O resgate de Rômulo

Cap. 15 - Mensagem de Laerte



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